10 de julho de 2012

Montevidéu vale a pena?

Mochilera Sabri



"Será que vale a pena?" Essa foi a pergunta que mais fiz a mim e aos outros antes de decidir ir à capital do Uruguai. Apesar da proximidade do Brasil, nenhum amigo próximo tinha ido. A maioria das pessoas que me respondiam só conhecia a agitada Punta Del Este (basta ter assistido Amaury Jr uma vez na vida para ter escutado falar nesse balneário kkk) e a romântica Colonia Del Sacramento (falei sobre ela aqui, relembre). Os relatos que achei na internet não eram empolgantes e nem encontrava fotos bonitas, que me desse uma ideia da cidade. Ao contrário do que muitos fariam, esses motivos só me deram ainda mais curiosidade de conhecer Montevidéu. E, fugindo da rota das cidades mais baladas, decidi conhecê-la, com meus próprios pés e olhos. 


(Foto: arquivo pessoal)



Primeiras impressões
Como fui após uma parada em Colonia Del Sacramento, cheguei a Montevidéu de ônibus. E, mochilera que se preze não pega ônibus de turismo, né? hahaha . Peguei um ônibus de intermunicipal mesmo, na estação rodoviária de Colonia (veja preços, rotas e horários aqui). A passagem custou algo em torno de R$18,00, o trecho. O ônibus era confortável e a viagem durou duas horas. Mas, alerto logo que o ponto negativo de ir a Montevidéu desta forma é passar por aquelas partes que turista não vê: favelas, buracos e lixo. Nisso, não vi diferença de chegar a uma cidade do Brasil por terra. Para mim, que durmo a viagem toda e fechei a cortina, nem me abalou. Mas, meu namorado noivo, que fica ligado a viagem inteira, achou que eu tava levando ele para o Haiti e ficou um pouco tenso com o trajeto. kkkkkk  

A rodoviária Tres Cruces também não é lá essas coisas. É bem pobrinha também e tem de tudo (ah, gente, como qualquer rodoviária!). Mas, gostei bastante de um serviço básico que por aqui não encontramos nas rodoviárias: uma central de turismo lá dentro, que me ajuda a achar hotel, fez a reserva para mim, me deu informações e mapa. Tudo simples e rápido. Adorei!  Como estávamos sem reserva de hotel, a atendente (muito simpática) foi rápida e resolveu tudo complicação, avisando até para o gerente do hotel nossos nomes para sermos recepcionados e agilizar o check in. Ta aí uma diferença colossal da Argentina: os uruguaios são bastante simpáticos e receptivos (URU 1 x 0 ARG). 

#Ficaadica: se vocês têm problemas com essas "aventuras", vão de avião ( o aeroporto de lá é um dos mais modernos das Américas) ou vão de Buquebus a partir da Argentina (já falei sobre essa viagem aqui). E ônibus, prefira os de turismo, que devem passar por um caminho mais bonito. rss

Onde se hospedar?
A melhor região para se hospedar é na região da Rambla de Montevidéu, mais precisamente no bairro de Pocitos, Punta Carreras e arredores. A área é a mais moderna e bem frequentada, é onde ficam os melhores edifícios, hotéis, barzinhos, shoppings, lojas, padarias, restaurantes. É lá também onde está a extensa orla da cidade (que lembra um pouco a de Maceió, Alagoas ou Ipanema, no Rio). A praia tem áreas que são para banhistas e outras que são cheias de pedras e vegetação, bem diferente das brasileiras.


Mapa da Rambla de Montevidéu, região mais moderna e rica da cidade.


As Ramblas de Montevidéu, ótimo para praticar esportes, passear e 
tomar banho de mar (quando fizer calor, claro! Fui na época de frio)

Pocitos é um bairro bem arborizado, organizado, limpo e moderno. É uma ótima pedida passear por suas praças e parques à tarde e aproveitar um pouco da paisagem da orla, onde há alguns restaurantes. Mas, nem vá pensando em encontrar quiosques para tomar uma cerveja à beira mar. Primeiro porque não é mar, Montevidéu é banhada pelo Rio de La Plata, e segundo porque lá não tem isso mesmo. 


Nos agradáveis parques de Pocitos dá até para ver o mar

Eu me hospedei no Centro. Como tinha pouco tempo, preferi ficar perto da parte história e fazer tudo andando. Lá, os hotéis são mais antigos, mas você encontra boas opções com preço bem atrativos. E o café da manhã é tudo de bom!

#Atenção: Se ficar hospedado no centro, evite andar à noite pelas ruas. A região fica bem esquisita, escura, sem ninguém. Então, pegue um táxi se for sair à noite. É barato e o hotel chama para você. Não se arrisque por besteira.

Comida
Não vou mentir: comi muito melhor no Uruguai do que na Argentina (URU 2 x 0 ARG). Os pratos são generosos, a carne é mais gostosa e macia, tem várias versões deliciosas de Chivito  (prato típico de lá que já falei por aqui) e o melhor: eles conhecem o que os brasileiros gostam. No restaurante que fomos eles avisaram logo que não era vantagem a gente pedir a parrillada completa, já que não tínhamos o costume de comer todas as partes do boi, como eles (rins, fígado, etc). Aí, já sugeriram logo cortes que agradam mais a gente e, realmente, estavam perfeitos! Ah, o preço também é justo.
De doce, lá também se encontram os alfajores, mas quem rouba a cena é o doce de leite. Hummmmm! O Lapataia é o mais famoso e indicado para os turistas levarem. E é realmente perfeito, trouxe vários! 

(Foto: Sabrina Medeiros)
Original do Uruguai, esses não podem faltar na sua mala de volta ao Brasil

A moeda
A moeda usada é o peso uruguaio, que é bem desvalorizado em relação à nossa moeda. Olhei no câmbio de hoje e $1,00 =  R$0,09. É, 9 centavos do real mesmo. Mas, antes de achar que você é rico lá, calma! A moeda tem mais "zeros" que a da gente, então, termina que os preços são bem equivalentes com os do Brasil. Um jantar para dois num lugar turístico, por exemplo, pode sair por $800, cerca de R$80,00. A conta que eu fazia de cabeça lá para não endoidar era sempre dividir o valor por dez, aí dava um valor aproximado no real. 
Casas de câmbio são fáceis de achar, não tanto como em Buenos Aires (URU 2 X 1 ARG ). Eu troquei todo o meu dinheiro na rodoviária mesmo, sem nenhum problema. Só evite trocar no centro, pois não é muito seguro. 

Tempo
Fui no mês de abril e peguei dias nublados. Pela manhã até fazia um solzinho, mas nada muito forte. Final de tarde e à noite acho que a temperatura desceu para uns 14º (nada que uma camisa mais grossinha não resolva). Como é rodeada pelo mar rio, é bem úmido e agradável.  

Quantos dias ficar lá?
Um final de semana ou um feriadão (três dias) é suficiente para conhecer Montevidéu. Algumas pessoas acham dois suficientes. Toda a parte da Ciudad Vieja, parte história e zona portuária da cidade, pode se fazer numa manhã. Por isso, digo que este tempo dá para rodar a capital uruguaia com calma. 

Montevidéu é uma capital federal, mas tem ares de interior, sem muito trânsito e multidão. O ritmo lá parece ser outro. Mesmo assim, fica longe de ser tranquila. No centro, me senti muito insegura. Tem mendigos e descuidistas para todo lado. Então, não dê bobeira mesmo, principalmente no centro com câmera e dinheiro.

                                                                                       (Foto: Sabrina Medeiros)
Uruguai já teve sua época de ouro. Nas praças é possível ver fotos antigas das praças e principais prédios

A cidade não é tão bem cuidada e não tem tantas programações quanto Buenos Aires (URU 2 X 2 ARG), mas tem o seu charme. A impressão que tive logo que cheguei é que a capital  deixou sua parte histórica um pouco pra trás e não investe no seu potencial turístico. Mesmo assim, ainda há muito o que aproveitar e descobrir. Porém, se o seu estilo é agito, grandes metrópoles, barulho e ótimo lugar para compras, Montevidéu definitivamente não é o lugar. 

                                                                                (Foto: Sabrina Medeiros)
A antiga arquitetura dos prédios. Pena que a maior parte não é bem cuidada

(Foto: Daniel França)
Explorar a Ciudad Vieja à pé é o melhor de Montevidéu

Aguardem a segunda parte das informações de Montevidéu, com roteiro completo para andar na cidade. ;)

2 comentários :

  1. Concordo com você Sabrina. Quem busca badalação, Montevidéu não é bem o lugar. Mas ainda dá para encontrar lugares badalados, com muitos turistas, aqueles que querem esticar a noite.
    E esse Chivito, que saudades que me deu rsrs
    Adorei. Boas dicas. A fotografia antiga de Montevidéu me encantou!!! Quero voltar em breve e levando suas dicas também comigo.

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  2. Que bom que você gostou, Mayra! =) Também adorei a fotografia de Montevidéu, você se sente voltando no tempo. De badalação mesmo só o Pony Pisador. Mas, o que mais gostei de lá nem foi a música, foram os petiscos (#gordinha). Tinha um queijo provolone ao forno que foi uma loucura. Pra acompanhar, cerveja Patrícia! Nhacccc

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