Machu Picchu: Como lidar com o soroche e se adaptar à altitude

Machu Picchu (Peru) é um lugar histórico e cheio de mistérios, chamando a atenção de qualquer mochileira curiosa e que busca por aventura. Mochilar por lá não é o mesmo que passear por algum destino brasileiro ou europeu, por exemplo. É preciso saber como turistar nas alturas. Não queremos fazer medo a você que deseja desbravar a região Inca, mas alertar sobre o soroche (mal da altitude). Talvez muitas não saibam, mas esse é um sintoma muito comum entre aquelas que vivem no nível do mar e sentem ao chegar em Machu Picchu. É preciso tomar alguns cuidados, pois pode acabar estragando a sua viagem.

(LoggaWiggler/Pixabay)

É importante seguir à risca todas as dicas que vamos dar, principalmente se você for viajar por lá sozinha. Comece tomando alguns cuidados médicos antes de embarcar, assim não será pega de surpresa pelo soroche. Por exemplo, leve os seus remédios preferidos para dor de cabeça, estômago, febre, vômito e dor de barriga. 

Também, horas antes de pegar o avião, tome um remédio para enjoo e siga tomando em um intervalo de seis horas. Isso porque, antes de chegar a Machu Picchu, será necessário desembarcar em Cusco, caminho inicial para a cidade sagrada dos incas. O soroche já dá as "boas-vindas" para você a 3,5 mil metros de altura.

A chegada

Quando você chega em Cusco, não se assuste se a hospedaria receber você com um chá de coca. Não será o melhor dos chás que você tomará na sua vida, pois o seu gosto não é dos mais agradáveis (mesmo com açúcar!). Entretanto, aceite e tome imediatamente, porque ele vai ajudar na sua adaptação.

O chá de coca ajuda a dilatar os vasos sanguíneos da sua cabeça, que são comprimidos com a pressão da altitude. Ele dá uma sensação de relaxamento e tira o desconforto causado pelo soroche. O chá não tem relação alguma com a droga e, muito menos, seus efeitos colaterais. Pode tomá-lo tranquila. Na verdade, não sentirá muita diferença. Talvez, relaxar um pouco.

(Shawn Harquail/Flickr)

Chá de coca

Tome o chá quantas vezes que você quiser durante o dia. Se você não é muito fã desse tipo de bebida, pode comprar balas feitas a base da erva, que são vendidas nas mais diversas lojas da cidade. Recomendamos também que, ao chegar ao hotel, caia na cama e durma um pouco ou o dia todo, se possível e a depender da hora que você chegar. Isso ajuda a diminuir a dor de cabeça que você pode sentir.

O ideal é chegar em Cusco logo de manhã cedo e começar com os passeios de tarde. Fizemos isso e desfrutamos da viagem sem muitos problemas com o soroche. Além disso, nada de muita comida. Tente, nos primeiros dias, comer algo leve e nem beber muito líquido de uma só vez. Isso também ajuda na adaptação, que, dependendo da pessoa, pode durar uns três dias.

Nós, por exemplo, precisamos apenas de um dia e meio para conseguir subir e descer sem problemas os monumentos de Cusco que ficam sempre no alto de montes, morros, montanhas.Lembre-se também de evitar esforço físico exagerado nos primeiros dias e que o nível alcoólico lá em cima é dobrado. Se estiver sozinha, é bom não passar do ponto no pisco (cachaça típica a base de uva), por exemplo.

Durante

Quando estiver adaptada e se sentindo aparentemente bem, ande sempre com uma garrafa de água na mochila. O clima seco ajuda a aumentar ainda mais a sede e ficar desidratada nas alturas não é nada bom.

Em Machu Picchu, é preciso ter perna boa e fôlego de sobra, pois você vai andar muito para cima e para baixo, literalmente. Lá, a altitude não é tão agressiva (2,4 mil metros) como em Cusco. Mesmo assim, não vá achando que está adaptada o suficiente para se aventurar pelos caminhos misteriosos que a cidade sagrada tem sozinha. Qualquer caminhada que necessite de um pouco mais de esforço vai fazer seu coração acelerar!

(ShashiBellamkond/Flickr)

Os guias locais (se você preferir ser acompanhada por um) sempre repassam aos turistas dicas importantes: sentiu sede, beba água; ficou cansada, sente e só volte a andar quando se sentir realmente bem; ande sempre devagar, nada de correr. Durante o passeio em Machu Picchu, eles respeitam bastante as necessidades de todos, pois os grupos são formados de acordo com idioma. Então, você pode ter no seu de jovens a idosos e é preciso respeitar as dificuldades de cada um.

Entrevistamos um dos guias que nos acompanhou durante o passeio pela cidade sagrada dos incas e ele fez uma dura crítica a algumas agências de viagens que vendem pacotes turísticos para Machu Picchu:

"O problema é que 'o mal da altitude' pega muitos desavisados que não foram orientados pelas agências de viagens antes de embarcar. Além disso, muitas não procuram saber tal informação ou não se importam com os sintomas do soroche. Além disso, na ânsia de vender mais e mais pacotes, elas encurtam o período dos passeios, para dar tempo de ver tudo e mais gente circular no local. Isso deixa quase impossível a adaptação do turista na altura. Por aqui, nada de pressa".

Então, mochileiras, nada de querer abraçar o Peru de uma vez só, pois essa orientação vale para todas as cidades altas do país. Visite Machu Picchu com calma. A cidade não vai sair lá de cima nem tão cedo. Vale a pena pagar um pouco mais caro para ter um bom passeio e aproveitar cada dia.