31 de agosto de 2011

#Estásdebroma: Desculpe, "Ne Razumen!"





Estás de broma?? O que danado essa menina foi fazer na Sérvia!? Brasileira, radicada na Espanha há cinco anos, Mariana Souza, de 31 anos, é a autora da história de hoje. Publicitária de formação, foi em 2007 para Madrid fazer mestrado em Cooperação Internacional, área para qual migrou e que lhe rendeu convites como o de ir morar na Sérvia, lugar onde vive há três meses e vai ficar por mais três, trabalhando voluntariamente para uma ONG Internacional. Conheça um pouco do que ela conta sobre esse país e os "causos" sobre a adaptação num lugar tão desconhecido para nós.


"Vai completar três meses que estou morando na Sérvia. Vim da Espanha, onde moro há 5 anos, para ser voluntária em uma ONG, dando aulas de espanhol para jovens de uma pequena cidade chamada Kruševac(leia-se Kruchevatiz). Ninguém deve ter ideia mesmo de como é a vida nesse país, porque na realidade não se ouve falar em turismo na Sérvia. O país é lembrado apenas pelo passado de guerras, que houve anos atrás e que ainda hoje trazem consequências.

(Imagem: Googlemaps)
Localize-se: a Sérvia fica próxima à Croácia, Grécia...(círculo vermelho) 

Mas, na verdade, a Sérvia é bem agradável e não há perigo - como muitos pensam - nas ruas. Encontrei até algumas semelhanças com o Brasil: as pessoas são muito amáveis, receptivas, nada a ver com a frieza do povo de alguns países europeus. Outra semelhança é a imensidão da vegetação aqui. Muita gente pode pensar que o lugar é devastado pelas guerras, mas não é! A natureza é bem exuberante e, a diferença do Brasil, é que aqui o meio ambiente parece ser bem preservado pela população (coisa que não é respeitada no nosso país). A bebida nacional também é uma cachaça, só que aqui é derivada da ameixa. A fruta aqui dá mais que chuchu nas serras brasileiras =). Outro ponto de interseção é que existe muita corrupção! Depois do Comunismo, o país ficou numa situação inferior economicamente e todo mundo quer ganhar por algum lado. Similar ao nosso famoso “jeitinho brasileiro”. E sabe o mais engraçado? eles dizem que isso (ser corrupto) é uma coisa típica da Sérvia! Igualzinho aos brasileiros falando deles mesmos.

(Fotos: Mariana Souza)



A cidade de Kruševac: arquitetura antiga e exuberante vegetação

The problem!
Na adaptação num país desconhecido, nem tudo são flores. Para mim, que sou brasileira, “hispano-hablante” também, ou seja, familiarizada com línguas latinas aqui nessas bandas, a comunicação na Sérvia não está sendo fácil. Eis minha maior dificuldade: a língua, claro! O idioma sérvio é como o russo pra nós, brasileiros, não sabemos onde começa uma palavra e onde acaba a outra. Com exceção de palavras como “problema”, que é o plural de problem (sim o plural!) e alguns casos de derivação do inglês, ainda não tenho a mínima ideia de como usar essa língua! O resto do vocabulário é incompreensível mesmo, com letras que não imaginamos nem a pronúncia. De aprender chorando mesmo!

Como não é hábito receber gente de fora aqui nessa cidade, as pessoas não sabem como ajudar um estrangeiro. Tipo, eu aprendi como pedir carne no açougue e, então, quando vou comprar escuto 5 frases em sérvio do açougueiro. E digo “Ne Razumen” (“Não entendo!”), e ele tenta dizer em sérvio ainda, porém, de outra forma: “Ne Razumen!”, respondo novamente. E minha intuição diz que ele deve estar me falando: “como não entende se você pediu em sérvio?”. Ahahaha Sabe o que respondo? “Srpski malo”, que significa “srpski” = sérvio e “malo”= pouco, pequeno. E assim vamos...

Aqui, falo somente em espanhol durante as aulas e as explicações, caso eles não entendem, são em inglês – língua que uso oficialmente com as outras pessoas da ONG e em casa. E penso que os sérvios entendem um pouco também, mas...


(Foto: Mariana Souza)
 Só a palavra depois do Y se pronuncia "GUCA". Quem se arrisca a ler tudo?

Sorry!!
Numa sexta-feira à noite, fazia somente 15 dias que eu havia chegado, resolvi sair para comprar cerveja. Minha amiga da Romênia que mora comigo (outra voluntária), me perguntou: “Você sabe voltar pra casa?” – “Claaaro”, respondi. “Não se preocupa não”. Fui, comprei e voltei. Quando toquei a campainha, atendeu uma mulher estranha e eu fiquei parada, lesa, sem conseguir dizer nada. Acabei falando algo em inglês, me desculpei e saí. A cara dela foi de quem não entendeu nada e que estranhou muito a situação (claro que ela não entendeu o que falei!).


Desci as escadas do prédio e pensei: mas não era essa a minha porta? E agora? Teria que ligar do meu celular da Espanha, super caro, pra poder perguntar onde era minha casa? Não, não. Pensei em outra solução: apertei no interfone o número 7, tinha certeza que era o do meu apartamento. E eis que atendeu a mesma mulher (reconheci a voz), falando com um tom meio tímida ou medrosa talvez...(acho que devia ser medo). E eu respondi: “No, no, nooo!!!!” ahhahaahah  E desliguei.

Enfim, minha casa era a de número 8, ao lado. E agora tenho certeza que minha vizinha deve ter medo de mim, principalmente durante a noite. Sei lá o que ela ficou pensando que eu queria....."

(Foto: arquivo pessoal)
Mariana, na Ong em que trabalha lá na Sérvia

4 comentários :

  1. Ah! Esqueci de dizer que essa recifense arretada tá famosa pelo trabalho que está desenvolvendo lá. Já deu entrevista para TV e Rádio sérvios, como vocês podem ver aqui: http://twixar.com/GOdNPaNWEd6

    E também foi notícia em portais de notícias de lá. Mira: http://twixar.com/VPgv5M5DBd

    ResponderExcluir
  2. Eu tou seguindo mochileras de tacón há meio ano pelo menos kkkkk tá no meu google reader e eu vejo as novidades no meu cel todas as semanas. Bom trabalho meninaaaa

    ResponderExcluir
  3. Amigous você é bloguera mesmo de profissa. Ta otimo! :D

    ResponderExcluir