27 de junho de 2011

#100anosdemachupicchu: Uma tosca viagem de trem

Mochilera Rafa

Como iniciado anteriormente, vamos dar continuidade a nossa homenagem aos 100 anos do descobrimento da cidade de Machu Picchu (Peru), a serem completados em julho. Neste post, vou contar a vocês como foi minha viagem de trem até a cidade sagrada e como também faz parte da atração turística da cidade. 

Eram 7h05, um frio de doer os ossos e lá estava eu, descendo da van da empresa de turismo na estação Ollantaytambo, no Valle Sagrado, para embarcar ao meu destino: Machu Picchu. Com minha mochilinha nas costas, embarquei em um vagão, no qual uma mesa de quatro pessoas foi dividida. Descobri que era um nativo (guia turístico), um venezuelano e, para variar, um brasileiro. Foi um desespero passar quase três horas ouvindo aquele cidadão falando um portunhol terrível com os outros sobre o Brasil. O que salvou a viagem e calou a boca da figura foi o serviço de bordo, sim o trem tinha comissários para lhe atender e a comida (que estava boa!) fazia parte do bilhete turístico comprado para a viagem.


(Crédito: Arquivo pessoal)
É muita vontade de viajar de manhã cedo com um friiiiiio


O atendimento do pessoal é de primeira. Os comissários eram super organizados, bilíngues e simpáticos. O vagão que peguei foi bem legal, pois era meio que panorâmico. Tinha janela até no teto. A parte mais interessante da viagem é você perceber, ao longo do caminho, a mudança do clima e vegetação da região. De um terreno meio seco e árido, com várias plantações de milho, para uma vegetação amazônica e aparentemente úmida, com enormes árvores. Além disso, você também conhece as diversas faces do rio Urubamba, que margeia quase todo o caminho até Machu Picchu. Ele começa bem tranquilo e calmo, para terminar agitado e com uma correnteza de botar medo. Isso porque, apesar de a gente não sentir, estamos descendo dos quase 3,5 mil metros de altitude (Cusco) para 2,4 mil metros (Machu Picchu), então já deu para entender, não é mesmo?

Ida à parte... Vamos falar da volta. Embarquei no meio da tarde, por volta das 15h. Já não fazia tanto frio. Encontrei o venezuelano da ida, mas não embarcamos juntos. Não imaginava o quanto essa separação foi desesperadora! Foi a partir daí que a viagem começou a se tornar hilária. No meu vagão, todos os passageiros eram senhores e senhoras americanos. Eu era a única jovem e que falava espanhol no local. Fiquei desesperada quando uma das senhoras que dividia a mesa comigo teve a “brilhante” ideia de conversar comigo em inglês. Nossa, me desesperei. Para completar, o comissário de bordo tentou ser simpático demais comigo e tive que aguentar diversas gracinhas peruanas ao longo da viagem (hunf...). Bom, novamente, o serviço de bordo, momento para todos se distraírem.

Passei a viagem toda ouvindo os passageiros conversarem em inglês. Quando já estava ficando enlouquecida com isso, eis que uma música bem peruana começa a tocar no sistema de som do vagão. De repente, do nada, surge uma figura completamente fantasiada e cheio dos brebotos pendurados, inclusive uma llama filhote. Gente, nada de preconceito, mas foi a apresentação mais tosca que já vi em minha vida. Morri de vergonha alheia. Até hoje, não consegui descobrir que apresentação foi aquela, na qual o “dançarino” andava de um lado para outro no vagão, no ritmo da música, e convidando uma das passageiras gringas para dançar. Graças, eu estava no cantinho da janela, bem quietinha e gravando tudo, claro!


(Crédito: Rafaela Aguiar)
Susto com a apresentação folclórica no meio da viagem


Ah, mas a situação tosca não para por ai. Após a apresentação folclórica, uma música dance dos anos 90 começa a tocar. Dos bastidores, saem os comissários de bordo vestindo casacos e acessórios feitos a base de lã de alpaca. Não acreditei e me perguntei várias vezes. Sim, era um desfile de moda! Fiquei de cara no chão e comecei a rir. Novamente, vergonha alheia. As figuras paravam e posavam para as fotos, assim como também para os passageiros poderem tocar no produto. Logo após o desfile, eles voltam com um carrinho com todas as roupas apresentadas, inclusive com uma maquininha de cartão de crédito. Eficiente, não! Curiosa nada, fui perguntar o preço de um casaco e quase cai para trás: US$ 100! E os gringos americanos compravam desesperadamente. Por que tem turista que gosta dessas coisas, hein? Vôte! Para completar a viagem, no desembarque, ainda tive que ouvir do tal comissário de bordo: “Você está viajando sozinha? Procurando namorado?”. Tudo bem, ok! Depois dessa, digo que foi a viagem mais tosca que fiz na minha vida!


(Crédito: Rafaela Aguiar)
Turista confirmando se realmente era lã de alpaca

#Ficaadica
Quando viajei, a compra do bilhete de trem estava incluída no pacote turístico que fiz para Cusco-Machu Picchu. Bom, o preço individual (ida e volta) custou um pouco mais de US$ 100 (era que constava no bilhete, na época). Além disso, a agência peruana (foi minha prima que lá comprou) me vendeu o serviço “Vistadome”, da Perurail, que tive direito a tudo isso. Então, existem outros preços para a viagem, pois os nativos também usam bastante o transporte. Aconselho a procurarem com as agências de viagens se está incluído e se realmente vale a pena comprar individual ou dentro de um pacote (passagem, hospedagem e passeios), como foi no meu caso.

Confira mais fotos da viagem no álbum Cusco/Machu Picchu lá no Flickr.

Serviço:
www.perurail.com 

4 comentários :

  1. Rafa, acabei de voltar do Peru, e adorei! Só que fui com uma amiga, sozinhas, sem guia, e foi ótimo, deu tudo certo!
    Não tive problemas com o soroche, mas me cansava 3 vezes mais rápido naquelas montanhas!
    E quanto ao trem, fica a dica pros leitores: fiz o percurso Ollantaytambo - Aguas Calientes no vagão Explorer, q custou 66 dólares ida e volta ;) Não tem as janelonas panorâmicas, mas o vagão é limpinho e novinho, servem lanche, e não tem apresentações temáticas ou desfile de modas, hahahaha!

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  2. Como foi eu, eu mesma e Rafa, Ju, tive que fazer um pacotão. O lado bom é que o guia foi super legal, contando várias curiosidades da região. Que bom que conseguisse enfrentar o soroche sem problemas! =)
    Pois é, fica a tua dica para o trem. Como a passagem estava incluída no pacotão, não saiu caro. Salvo engano, tudo completo custou US$ 600, incluindo passagem, hospedagens, passeios e os tickets dos lugares.
    =*

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  3. Muito legal este post, rafa. me senti viajando junto :)bj cécile

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  4. Valeu, Cécile!
    Depois, queremos saber da sua experiência por lá! =)

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